quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Bisa.

Ele tinha olhos espertos e semblante singelo, poucas vezes nos vimos, e poucas foram às palavras trocadas, mas lembro do detalhe da pele queimada, da mão larga com veias a flor da pele. Tinha jeito de homem valente, que não tinha medo, nem se sentia só.
A ultima vez que nos vimos, eu era mais jovem e pouco tinha a lhe dizer, ele me falava sobre gente que eu não conheço, e nomes que eu nem lembro, eu tinha que estar bem perto, porque a minha voz num tom alto lhe parecia fraca, e pouco do pouco que eu falava, menos ainda ele escutava, e quase nada ele entedia, mas tudo, tudo mesmo, lhe interessava. Ele quase nunca me ouviu falar.
Lembro de alguns momentos, ainda mais nova, quando o conheci. Ele logo de cara me impressionou, tua “velhice” se escondia atrás de uma força que o fizera andar quase metade de salvador. Até hoje eu conto espantada, tinha a visão de vô sensível, o meu bisa era um robô! RS...
Na verdade ele era um amor. Carregou-me no ombro, e me jogou pro alto na lagoa encantada que fez parte da minha infância, e que bom, ele esteve por lá comigo, e me lembro como se fosse hoje, a gente brincando como se não houvesse perigo.
Mesmo de tão longe eu senti por ele tanto amor.
Ontem ao orar por ele tive medo que ele tivesse ido sem lembrar-se de mim... Mas pra falar a verdade eu duvido, ele guardava com tantos cuidados todos os detalhes da nossa ultima passagem, que agora que lembro, até posso o ouvir!
Foram poucas as vezes que nos vimos, foi tão pouco que eu o conheci, mas mesmo assim me faz falta, e agora não consigo sorrir!
Sentirei saudade...

Muito pé em meu chão.

Gosto de estar embreagada, tonta, indo e vindo feito as ondas do mar...
Não sou de andar perfumada,
meu gosto é amargo,
meus pés não estão presos no chão.

Gosto de estar centrada, sobrea, atracada feito ancora ao mar...
perfumada como dama da noite,
sou doce feito algodão doce,
ando firme com os pés no chão.

Sou o que sou hoje, amanhã sou contradição!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009